Você já parou para pensar qual seria a cobra mais venenosa do mundo? Essa pergunta desperta curiosidade em muitas pessoas, e a resposta pode surpreender você. Quando falamos sobre serpentes letais, é importante entender que existem diferentes formas de medir a toxicidade do veneno, e isso pode mudar completamente o ranking das cobras mais perigosas. Neste artigo, vou compartilhar com você informações detalhadas sobre as serpentes mais venenosas do planeta, explicando não apenas qual é a campeã em letalidade, mas também os critérios científicos usados para essa classificação e como esses animais fascinantes se comportam na natureza.

A verdade é que muitas pessoas confundem periculosidade com toxicidade. Uma cobra pode ter o veneno mais potente do mundo em termos de composição química, mas raramente encontrar humanos ou ter um temperamento dócil. Por outro lado, outra serpente com veneno menos tóxico pode causar muito mais mortes simplesmente por viver próxima às áreas habitadas e ter comportamento agressivo. Compreender essas nuances é fundamental para termos uma visão completa sobre o assunto.

A Taipan-do-Interior: A Campeã Absoluta em Toxicidade

Quando cientistas analisam amostras de veneno em laboratório para determinar qual cobra possui a substância mais letal, a Taipan-do-interior (Oxyuranus microlepidotus) conquista o primeiro lugar disparado. Originária das regiões áridas e semiáridas do centro da Austrália, essa serpente produz o veneno mais tóxico já registrado entre todas as cobras terrestres do planeta. Uma única mordida dessa serpente contém veneno suficiente para matar aproximadamente 100 pessoas adultas ou cerca de 250 mil camundongos, segundo testes de toxicidade realizados em laboratório.

O veneno da Taipan-do-interior possui uma combinação devastadora de neurotoxinas, hemotoxinas e miotoxinas. As neurotoxinas atacam o sistema nervoso, causando paralisia respiratória; as hemotoxinas destroem as células sanguíneas e impedem a coagulação; enquanto as miotoxinas danificam o tecido muscular. Essa combinação tripla torna o envenenamento extremamente grave e potencialmente fatal se não tratado imediatamente com o soro antiofídico específico.

Apesar de ser a cobra com o veneno mais potente, a Taipan-do-interior raramente encontra seres humanos. Ela habita regiões remotas e extremamente áridas da Austrália, onde a população humana é praticamente inexistente. Além disso, essa serpente possui um temperamento relativamente calmo e tende a evitar confrontos sempre que possível. Desde que os registros começaram, houve muito poucos casos documentados de mordidas em humanos, e com o tratamento adequado, todas as vítimas sobreviveram.

A medição da toxicidade é feita através do teste LD50 (dose letal mediana), que determina a quantidade de veneno necessária para matar 50% de um grupo de animais de teste, geralmente camundongos. A Taipan-do-interior possui um LD50 de apenas 0,025 mg/kg quando administrado subcutaneamente, o que significa que uma quantidade minúscula de seu veneno é suficiente para causar a morte. Para colocar isso em perspectiva, esse valor é cerca de 10 vezes mais tóxico que o veneno de uma naja e aproximadamente 50 vezes mais potente que o de uma cascavel comum.

Serpentes Marinhas: As Gigantes Tóxicas dos Oceanos

Embora a Taipan-do-interior seja a cobra terrestre mais venenosa, quando expandimos nossa análise para incluir as serpentes marinhas, o cenário muda consideravelmente. A serpente marinha de Dubois (Aipysurus duboisii) e a serpente marinha de bico (Enhydrina schistosa) competem pelo título de cobra mais venenosa considerando todas as espécies, terrestres e aquáticas. Algumas pesquisas indicam que o veneno da serpente marinha de bico pode ser até mais tóxico que o da Taipan-do-interior em certos testes específicos.

As serpentes marinhas evoluíram para caçar peixes em ambientes oceânicos, e seu veneno é extraordinariamente potente porque precisa imobilizar presas rapidamente na água, onde um peixe ferido poderia facilmente escapar. O veneno dessas cobras contém neurotoxinas extremamente poderosas que causam paralisia quase instantânea. Felizmente, as serpentes marinhas possuem presas relativamente pequenas e injetam quantidades menores de veneno em comparação com grandes víboras terrestres. Além disso, elas são geralmente dóceis e raramente mordem, mesmo quando manuseadas.

A serpente marinha de bico habita águas costeiras do Oceano Índico e do Pacífico Ocidental, incluindo regiões próximas à Índia, Paquistão, Sudeste Asiático e norte da Austrália. Pescadores ocasionalmente são mordidos ao retirar essas serpentes acidentalmente presas em redes de pesca. No entanto, estatísticas mostram que menos de 25% das mordidas resultam em envenenamento significativo, pois essas cobras frequentemente dão "mordidas secas" onde injetam pouco ou nenhum veneno, possivelmente para conservar esse recurso precioso para a caça.

Mamba-Negra: Velocidade, Agressividade e Veneno Neurotóxico Letal

Quando falamos sobre periculosidade real para humanos, a mamba-negra (Dendroaspis polylepis) da África subsaariana merece destaque especial. Embora seu veneno não seja o mais tóxico em termos absolutos, essa cobra é amplamente considerada uma das mais perigosas do mundo devido à combinação de fatores: velocidade impressionante, comportamento defensivo agressivo, quantidade substancial de veneno injetado e proximidade com áreas habitadas.

A mamba-negra é a serpente mais rápida do mundo, capaz de se deslocar a velocidades de até 20 km/h em distâncias curtas. Quando acuada ou ameaçada, ela pode adotar uma postura defensiva levantando até um terço de seu corpo do chão, abrindo a boca para revelar o interior negro característico (daí vem seu nome, pois a pele externa é na verdade cinza-acastanhada), e desferir múltiplas mordidas em rápida sucessão. Cada mordida injeta aproximadamente 100-120 mg de veneno, e a dose letal para um humano adulto é de apenas 10-15 mg.

O veneno da mamba-negra é predominantemente neurotóxico, contendo dendrotoxinas e cardiotoxinas que afetam o sistema nervoso e o coração. Os sintomas de envenenamento começam rapidamente, geralmente dentro de 15 a 30 minutos, e incluem dor local, vertigem, salivação excessiva, sudorese, dificuldade para engolir e respirar, náusea e vômito. Se não tratado, o envenenamento progride para paralisia respiratória e colapso cardiovascular, com morte ocorrendo em 7 a 15 horas. Antes do desenvolvimento do soro antiofídico específico na década de 1950, a taxa de mortalidade por mordidas de mamba-negra era próxima de 100%.

Esta serpente habita savanas, áreas rochosas e florestas abertas em grande parte da África Oriental e Austral, incluindo países como Quênia, Tanzânia, Zimbábue, Moçambique e África do Sul. Ela frequentemente entra em contato com humanos em áreas rurais, especialmente quando pessoas invadem seu habitat ou a encontram inadvertidamente em telhados, celeiros ou pilhas de madeira onde elas gostam de se refugiar. A mamba-negra é territorial e pode reagir agressivamente se sentir que sua rota de fuga está bloqueada.

King Cobra: Quantidade Versus Toxicidade no Mundo das Serpentes Venenosas

A naja-real ou king cobra (Ophiophagus hannah) merece menção especial não por ter o veneno mais tóxico, mas pela quantidade impressionante de veneno que pode injetar em uma única mordida. Esta é a maior serpente venenosa do mundo, podendo atingir comprimentos superiores a 5 metros, e uma única mordida pode injetar até 7 ml de veneno, quantidade suficiente para matar um elefante asiático ou 20 pessoas adultas.

Embora o veneno da king cobra seja menos tóxico que o de muitas outras serpentes (com um LD50 de aproximadamente 1,7 mg/kg), a quantidade massiva compensa a potência relativa. O veneno contém principalmente neurotoxinas poderosas que causam dor severa, visão turva, vertigem, sonolência e paralisia. A morte pode ocorrer em apenas 15 minutos nos casos mais graves, embora normalmente leve algumas horas. A taxa de mortalidade em mordidas não tratadas varia entre 50-60%.

A king cobra possui um comportamento único entre as cobras: ela é uma das poucas espécies que constrói um ninho para seus ovos e demonstra comportamento maternal, defendendo agressivamente o ninho contra qualquer intruso. Durante a época de reprodução, essas serpentes tornam-se particularmente perigosas e territoriais. Elas habitam florestas densas do Sul e Sudeste Asiático, incluindo Índia, Filipinas, Malásia, Indonésia e Tailândia.

Um aspecto fascinante da king cobra é sua dieta especializada: ela se alimenta principalmente de outras serpentes, incluindo espécies venenosas. O nome científico Ophiophagus significa literalmente "comedor de serpentes". Essa serpente possui uma resistência parcial ao veneno de outras cobras, permitindo-lhe caçar inclusive outras espécies altamente venenosas como a naja-indiana e a víbora de Russell.

Serpentes Brasileiras: Conhecendo as Espécies Venenosas Mais Próximas de Nós

Embora o Brasil não abrigue a cobra mais venenosa do mundo, nosso país possui uma diversidade impressionante de serpentes peçonhentas que merecem respeito e atenção. As espécies mais relevantes pertencem principalmente a quatro gêneros: Bothrops (jararacas), Crotalus (cascavéis), Lachesis (surucucu) e Micrurus (corais-verdadeiras). Conhecer essas serpentes é fundamental para quem vive ou visita áreas rurais brasileiras.

A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), endêmica da Ilha da Queimada Grande em São Paulo, possui um veneno particularmente potente adaptado para caçar aves migratórias. Seu veneno é cerca de cinco vezes mais tóxico que o de suas parentes continentais, com forte ação hemotóxica e proteolítica. No entanto, devido ao seu habitat isolado, não representa risco para populações humanas. Já a jararaca comum (Bothrops jararaca) é responsável pela maioria dos acidentes ofídicos no Sudeste e Sul do Brasil, não por ter o veneno mais potente, mas por sua proximidade com áreas habitadas.

As cascavéis brasileiras (Crotalus durissus) possuem veneno predominantemente neurotóxico, diferente das jararacas. O veneno crotálico causa paralisia progressiva, insuficiência renal e pode levar à morte se não tratado adequadamente. A surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta) é a maior víbora das Américas, podendo ultrapassar 3,5 metros de comprimento, e seu veneno combina efeitos neurotóxicos, hemotóxicos e proteolíticos. Felizmente, acidentes com surucucus são raros devido ao seu habitat em florestas densas e preservadas da Amazônia e Mata Atlântica.

As corais-verdadeiras do gênero Micrurus possuem veneno extremamente neurotóxico, comparável ao de cobras asiáticas e africanas em toxicidade. Uma mordida de coral pode causar paralisia respiratória fatal. Entretanto, essas serpentes são pequenas, com presas curtas e comportamento discreto, resultando em poucos acidentes. O maior perigo é a confusão com falsas-corais (serpentes não-venenosas que mimetizam o padrão de cores das corais verdadeiras). A regra mnemônica brasileira "vermelho com preto, veneno de respeito; vermelho com branco, não há perigo tanto" pode ajudar na identificação, embora não seja 100% confiável.

O Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro mantém uma rede de distribuição de soros antiofídicos que salvam milhares de vidas anualmente. O Brasil é referência mundial na produção desses soros através do Instituto Butantan em São Paulo e da Fundação Ezequiel Dias em Minas Gerais. Caso você ou alguém próximo seja mordido por uma cobra, leve a vítima imediatamente ao hospital mais próximo, mantendo-a calma e imóvel para retardar a absorção do veneno. Nunca faça torniquetes, cortes no local ou tente sugar o veneno, pois essas práticas desacreditadas podem piorar significativamente o quadro.

Fatores Que Determinam a Periculosidade Real de uma Serpente Venenosa

Determinar qual é a cobra mais perigosa para humanos vai muito além da simples toxicidade do veneno medida em laboratório. Diversos fatores ecológicos, comportamentais e geográficos influenciam o risco real que uma serpente representa. Compreender esses elementos nos ajuda a ter uma perspectiva mais completa sobre a periculosidade das serpentes venenosas.

Distribuição geográfica e proximidade humana: Uma cobra com veneno moderadamente tóxico que vive próxima a áreas densamente povoadas representa maior risco estatístico que uma espécie com veneno extremamente potente que habita regiões remotas. A víbora de Russell (Daboia russelii) da Ásia é um exemplo perfeito: embora seu veneno seja menos tóxico que o da Taipan-do-interior, ela causa milhares de mortes anualmente na Índia, Paquistão, Sri Lanka e Bangladesh simplesmente por viver em áreas agrícolas onde encontra humanos frequentemente.

Temperamento e comportamento defensivo: Algumas serpentes são naturalmente mais propensas a morder quando encontram humanos. A mamba-negra e a cobra-de-Taiwan (Naja atra) são exemplos de espécies que podem reagir agressivamente quando se sentem ameaçadas. Por outro lado, a Taipan-do-interior é notoriamente tímida e prefere fugir. O temperamento pode variar não apenas entre espécies, mas também individualmente e conforme a situação - uma serpente grávida ou protegendo um ninho será naturalmente mais defensiva.

Quantidade de veneno injetado: Uma serpente pode ter veneno relativamente menos tóxico, mas compensar isso injetando grandes quantidades. A king cobra exemplifica esse princípio perfeitamente. Além disso, nem toda mordida resulta em envenenamento; estudos indicam que entre 20-50% das mordidas de serpentes venenosas são "mordidas secas" onde pouco ou nenhum veneno é injetado, possivelmente como um aviso ou para conservar o veneno precioso para caçar presas.

Composição e mecanismo de ação do veneno: Venenos de serpentes são coquetéis complexos contendo dezenas ou centenas de proteínas e peptídeos diferentes. Venenos neurotóxicos atacam o sistema nervoso e podem causar morte rápida por paralisia respiratória. Venenos hemotóxicos destroem tecidos, causam hemorragias e podem levar à morte mais lenta por colapso circulatório ou insuficiência orgânica. Venenos citotóxicos causam necrose tecidual severa e podem resultar em amputações mesmo quando não são fatais. Cada tipo apresenta desafios médicos diferentes.

Disponibilidade e eficácia do tratamento: A existência de soro antiofídico específico e eficaz transforma completamente o prognóstico de uma mordida. Mordidas de mamba-negra que eram quase sempre fatais antes de 1950 agora têm taxa de sobrevivência superior a 95% quando tratadas rapidamente com soro adequado. A localização geográfica da vítima também importa tremendamente - estar a horas de distância do hospital mais próximo em área rural aumenta dramaticamente a mortalidade comparado a acidentes que ocorrem próximo a centros urbanos com recursos médicos.

Mitos e Verdades Sobre Cobras Venenosas

Ao longo dos séculos, serpentes venenosas acumularam uma reputação envolta em mitos, exageros e informações equivocadas. Separar fatos de ficção é essencial para uma compreensão precisa desses animais fascinantes e para nossa própria segurança.

Mito: Cobras atacam pessoas sem provocação: Na realidade, serpentes não "atacam" humanos de forma predatória. Praticamente todas as mordidas ocorrem quando a cobra se sente ameaçada, encurralada ou é acidentalmente pisada. Serpentes preferem evitar confrontos com criaturas grandes como humanos, pois isso representa risco desnecessário. Quando têm oportunidade, fogem. As mordidas defensivas são um último recurso quando a fuga não é possível.

Verdade: Serpentes jovens podem ser mais perigosas que adultas: Embora serpentes adultas possuam mais veneno, filhotes e juvenis muitas vezes injetam todo o seu veneno em uma mordida defensiva, pois ainda não aprenderam a controlar a quantidade injetada. Serpentes adultas frequentemente dão mordidas de aviso com pouco ou nenhum veneno. Além disso, jovens são mais nervosos e propensos a morder. Nunca subestime uma serpente pequena.

Mito: Você pode sugar o veneno de uma mordida: Este é um dos mitos mais perigosos e persistentes. Tentar sugar veneno de uma ferida é completamente ineficaz e potencialmente prejudicial. O veneno se espalha rapidamente através da corrente sanguínea e do sistema linfático; qualquer quantidade que você pudesse remover seria insignificante. Pior ainda, criar sucção pode aumentar a absorção do veneno e expor a pessoa que está ajudando ao veneno através de cortes ou feridas na boca.

Verdade: Serpentes podem morder mesmo depois de mortas: Por meio de reflexos neurológicos que podem persistir por horas após a morte, a cabeça decapitada de uma cobra pode ainda morder e injetar veneno. Há casos documentados de pessoas mordidas ao manusear cabeças de serpentes que haviam sido mortas recentemente. Nunca manuseie uma serpente morta casualmente, mesmo que pareça estar morta há algum tempo.

Mito: Cobras são agressivas e maliciosas: Serpentes não possuem a capacidade cognitiva para sentimentos como malícia ou desejo de ferir. Elas operam por instinto de sobrevivência. Uma cobra que morde repetidamente está simplesmente desesperada para escapar de uma situação percebida como ameaça à vida. Antropomorfizar serpentes como "más" ou "agressivas" nos impede de compreender seu comportamento real e tomar precauções adequadas.

Verdade: Serpentes desempenham papel ecológico crucial: Apesar do medo que inspiram, serpentes venenosas são predadores importantes que controlam populações de roedores, ajudando a prevenir doenças transmitidas por esses animais e protegendo colheitas. A eliminação de serpentes de um ecossistema pode ter consequências negativas em cascata. Além disso, o veneno de cobra tem contribuído para avanços médicos importantes, incluindo o desenvolvimento de medicamentos para pressão arterial e tratamentos para dor crônica.

Como se Proteger e Agir em Caso de Encontro com Serpentes Venenosas

Conhecimento é a melhor proteção contra acidentes com serpentes venenosas. Implementar práticas preventivas simples e saber como reagir adequadamente em caso de encontro pode literalmente salvar sua vida ou a de outras pessoas.

Prevenção em ambientes rurais e naturais: Ao caminhar em áreas onde serpentes possam estar presentes, use sempre botas de cano alto e calças compridas grossas. Aproximadamente 85% das mordidas de cobra ocorrem nas extremidades inferiores, e essa proteção básica pode bloquear as presas da maioria das espécies. Ao pisar sobre troncos caídos ou rochas, não pise diretamente sobre eles - suba primeiro e olhe do outro lado. Use uma vara ou bastão para sondar a vegetação densa antes de passar. Evite colocar as mãos em buracos, fendas ou áreas que você não pode ver claramente.

À noite, use sempre lanternas: Muitas serpentes venenosas são noturnas ou crepusculares. Iluminar o caminho à frente permite que você identifique serpentes antes de se aproximar perigosamente. Sacudir botas e verificar roupas antes de vesti-las pela manhã também é uma precaução simples mas importante em áreas onde serpentes são comuns.

O que fazer se encontrar uma cobra: Mantenha distância segura de pelo menos 2 metros (o dobro do comprimento de uma serpente média). Lembre-se que algumas espécies podem dar botes surpreendentemente longos quando provocadas. Não faça movimentos bruscos. Recue lentamente enquanto mantém a serpente à vista. Nunca tente capturar, matar ou manejar uma serpente venenosa, mesmo que pareça ferida ou morta. A maioria dos acidentes graves ocorre quando pessoas tentam matar ou capturar serpentes.

Primeiros socorros em caso de mordida: Se você ou alguém for mordido, manter a calma é absolutamente crucial. O pânico acelera o batimento cardíaco, o que aumenta a velocidade de absorção do veneno. Procure assistência médica imediatamente - ligue para emergência enquanto se desloca. Mantenha a área mordida imóvel e, se possível, abaixo do nível do coração para retardar a circulação do veneno. Remova anéis, pulseiras ou roupas apertadas próximas ao local da mordida, pois pode haver inchaço severo.

O que NÃO fazer após mordida de cobra: Nunca aplique torniquete ou tente impedir completamente o fluxo sanguíneo. Não faça cortes no local da mordida. Não tente sugar o veneno. Não aplique gelo diretamente na ferida. Não dê álcool ou medicamentos à vítima. Não perca tempo tentando capturar ou matar a serpente para identificação - uma descrição visual ou foto de distância segura é suficiente, mas sua prioridade absoluta deve ser chegar ao hospital.

Tratamento médico: O único tratamento eficaz para envenenamento por picada de cobra é o soro antiofídico específico, administrado por profissionais médicos em ambiente hospitalar. Esse soro contém anticorpos que neutralizam as toxinas do veneno. Quanto mais rápido for administrado, melhor o prognóstico. Além do soro, o tratamento pode incluir fluidos intravenosos, antibióticos para prevenir infecções secundárias, medicamentos para dor, suporte respiratório em casos graves e, ocasionalmente, cirurgia para tratar síndrome compartimental (pressão excessiva em tecidos devido ao inchaço).

Conservação: Por Que Devemos Proteger Até as Serpentes Mais Venenosas

Apesar do medo instintivo e justificável que muitas pessoas sentem em relação a serpentes venenosas, esses animais desempenham papéis ecológicos indispensáveis e enfrentam ameaças crescentes que exigem nossos esforços de conservação.

As serpentes são predadores que ocupam nichos ecológicos importantes, controlando populações de roedores, anfíbios, outras serpentes, aves e até pequenos mamíferos, dependendo da espécie. Um único indivíduo pode consumir dezenas de roedores anualmente. Em áreas agrícolas, essa predação natural ajuda a proteger colheitas e reduzir a necessidade de rodenticidas químicos tóxicos. Roedores também são vetores importantes de doenças como leptospirose e hantavirose, então o controle natural por serpentes tem implicações diretas para a saúde pública humana.

Além do valor ecológico, serpentes venenosas possuem valor científico e médico extraordinário. O veneno de cobra é um coquetel farmacológico complexo que evoluiu ao longo de milhões de anos. Cientistas têm estudado esses venenos para desenvolver medicamentos revolucionários. O Captopril, um medicamento amplamente prescrito para hipertensão e insuficiência cardíaca, foi desenvolvido a partir de peptídeos encontrados no veneno da jararaca brasileira (Bothrops jararaca). Pesquisas atuais exploram componentes de venenos de serpentes para tratamento de dor crônica, câncer, doenças cardiovasculares e distúrbios de coagulação.

Infelizmente, muitas espécies de serpentes venenosas enfrentam declínios populacionais devido à destruição de habitat, perseguição humana, atropelamentos em rodovias e comércio ilegal para o mercado de animais exóticos ou para uso em "medicinas" tradicionais sem comprovação científica. A king cobra, por exemplo, está listada como "Vulnerável" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) devido à perda de habitat e perseguição. Várias espécies de mambas e víboras africanas enfrentam pressões similares.

A educação pública é fundamental para a conservação de serpentes. Quando as pessoas compreendem que serpentes não são criaturas malévolas esperando para atacar, mas animais tentando sobreviver que preferem evitar humanos, a perseguição irracional diminui. Programas educacionais em áreas rurais que ensinam identificação de serpentes e primeiros socorros adequados podem reduzir tanto a mortalidade humana quanto a morte desnecessária de serpentes inofensivas confundidas com espécies venenosas.

FAQ - Perguntas Frequentes Sobre Cobras Venenosas

1. Qual a diferença entre cobra venenosa e peçonhenta?

Tecnicamente, "peçonhenta" é o termo correto para animais que injetam veneno ativamente através de estruturas especializadas como presas ou ferrões (serpentes, aranhas, escorpiões). "Venenoso" refere-se a organismos que contêm toxinas mas não possuem mecanismo de injeção (certas rãs, alguns peixes). No entanto, popularmente no Brasil, ambos os termos são usados intercambiavelmente para serpentes.

2. Todas as cobras têm veneno?

Não. Das aproximadamente 3.900 espécies de serpentes conhecidas no mundo, apenas cerca de 600 espécies são venenosas, e destas, apenas 200 são consideradas medicamente significativas para humanos. A maioria das serpentes é completamente inofensiva e desempenha papel ecológico importante no controle de pragas.

3. É possível sobreviver a uma mordida da cobra mais venenosa sem tratamento?

Embora teoricamente possível em casos raros onde muito pouco veneno foi injetado, a probabilidade de sobrevivência sem soro antiofídico após mordida de espécies extremamente venenosas como a Taipan-do-interior ou mamba-negra é muito baixa. Nunca conte com sorte - procure sempre atendimento médico imediato.

4. Cobras podem controlar a quantidade de veneno que injetam?

Sim, muitas serpentes possuem controle voluntário sobre suas glândulas de veneno e podem optar por dar "mordidas secas" sem injeção de veneno, usar quantidades pequenas como aviso, ou injetar grandes quantidades se sentirem extrema ameaça. Serpentes jovens tendem a ter menos controle e frequentemente injetam todo seu veneno disponível.

5. Quanto tempo tenho para buscar ajuda após uma mordida de cobra?

Isso varia enormemente dependendo da espécie. Mordidas de mamba-negra podem ser fatais em 30 minutos a poucas horas. Mordidas de algumas jararacas podem levar dias para causar complicações sérias.

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